Fã desde 2011 Conheçeu Gundam atraves de revistas especializadas em animes, sendo o primeiro Gundam que assistiria seria Gundam SEED.
Os Últimos Quarenta Anos
Tomino: O plano original era completar tudo em uma história – ter Mobile Suit Gundam como um anime one-shot – mas acabamos continuando. Os últimos quarenta anos tem sido uma luta constante para descobrir como extrair, e estender o nome Gundam, e eu acho que foi uma longa história de quarenta anos, onde o resto sai perdendo para Mobile Suit Gundam.
– Saíram perdendo para Mobile Suit Gundam?
Tomino: Sim. Eu não acho que um outro qualquer conquistou a mesma popularidade que o Mobile Suit Gundam conseguiu.
Cena favorita e mais gratificante do filme Char’s Counter Attack (reunião do tratado de transferência de Axis)
Tomino: Houve muitas reflexões sobre a melhor maneira de compilar todos os diálogos. Veja a cena da reunião, por exemplo. Queríamos o mínimo de conversa teológica e contra-argumentos possíveis. Char simplesmente entregou as barras de ouro, e ao fazê-lo os outros percebem que ele comprou tudo, mas só os está deixando ver até este ponto. Quando o espectador chega a essa conclusão, é a nossa vitória. O vilão e as barras de ouro foram suficientes para cumprir o que era preciso na cena (risos). Não havia necessidade de uma explicação longa. Estou orgulhoso do que fizemos ali.
Um ponto recente de descontentamento com o Char’s Counter Attack
Tomino: Fiquei furioso quando vi a versão 4K do Char’s Counter Attack. As cenas de batalha diminuíram o resto. As pessoas não entenderão o que está acontecendo na história de fundo. Acabou se tornando um monte de robôs gigantes e engraçadinhos sem vergonha. Eu me esforcei muito para remover falas como “decolando!” e “vou acabar com você aqui!”, então eu senti que ia morrer assistindo esta nova versão.
Um ponto recente de descontentamento com o Char’s Counter Attack
Tomino: Fiquei furioso quando vi a versão 4K do Char’s Counter Attack. As cenas de batalha diminuíram o resto. As pessoas não entenderão o que está acontecendo na história de fundo. Acabou se tornando um monte de robôs gigantes e engraçadinhos sem vergonha. Eu me esforcei muito para remover falas como “decolando!” e “vou acabar com você aqui!”, então eu senti que ia morrer assistindo esta nova versão.
A Criação de Char
Tomino: Decidi nomear o antagonista de Char. Este é um nome muito legal, certo? Mas por que Char é legal, você me pergunta. Repare, quando Char entra em cena, ele “vem pra cima” (Tomino cita “charging”, do inglês). Isso é o mais longe que eu fui com a criação dele. Então aquele Yasuhiko pegou meu antagonista e deu a ele uma máscara, dentre todas as coisas. Se o personagem por baixo da máscara não estivesse escondendo algum rosto desfigurado e, ao invés disso, tivesse uma história pessoal de fundo, mais significativa, ele provavelmente teria que tirar esta máscara em algum momento. E se, digamos, um membro da família surgisse por perto, e eles se encontrassem cara a cara; Char, então, teria que se revelar. Eu estou falando sério. Perceba, Sayla não foi criada até que os storyboards fossem desenhados. Ela foi uma personagem que tiramos do nada.
Colocaríamos sua irmãzinha do lado dos aliados, e isso se tornaria um motivo a mais para o lado dos protagonistas terem de lidar com Char. O inimigo ter um relacionamento com os aliados assim, foi algo que eu definitivamente não havia tentado até então. É uma personagem que adiciona drama. Aí eu pensei, “huh, acho que posso escrever um drama”.
Uma cena verdadeiramente comovente
Tomino: Quando Char envia aquelas barras de ouro a White Base para Sayla, e ela chora sozinha por seu irmão – eu estava acabado. Quando a história chegou nesta parte, eu não era nada além de lágrimas. Diretores e autores costumavam me dizer que havia sido muito bem-feita. Em algum momento, os personagens deram vida as suas próprias histórias. Tudo o que eu podia fazer era segui-los – foi como me pareceu, pelo menos. Mesmo que já tenham se passado quarenta anos desde que trabalhei nisto, ainda choro.
– Os personagens deram vida as suas próprias histórias?
Tomino: Correto. Eu percebo que não é uma coisa muito lógica de se dizer. Eu simplesmente não consigo dizer as palavras “eu fiz isso” quando se tratam de partes como essas. Eu adoraria me gabar de ter ajudado na parte em que ela chama por seu irmão, enquanto estava sozinha em seu quarto, com as mãos no colo antes de começar a chorar, mas eu não posso. Eu não fiz aquilo. Foi tudo obra da própria Sayla.