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Momentos marcantes dos 40 anos de Gundam: Entrevista com Yoshiyuki Tomino PARTE 2.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022 às 0:46

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Sobre o Autor: EXIA

Fã desde 2011 Conheçeu Gundam atraves de revistas especializadas em animes, sendo o primeiro Gundam que assistiria seria Gundam SEED.



E ai pessoal! Como estão? Passando por aqui para deixar a última parte dessa entrevista maravilhosa com o nosso grande Tomino sobre o aniversario de 40 anos da franquia, então, sem mais enrolações, fiquem com a entrevista!

Os Newtypes Muito Debatidos

Tomino: Eu estava preso em como fazer a série parecer ficção científica. A história se tornou as crônicas da Guerra de Um Ano em algum ponto do processo de planejamento. Eu pensei em espalhar levemente, aqui e ali, essa ideia dos Newtypes, mas sabia que não poderia escrevê-la de qualquer maneira, sem atenção. Independentemente disso, no segundo em que a palavra surgiu em um episódio, essa palavra que oferecia a teoria da evolução humana, percebi que, por não ter nenhum conhecimento sobre filosofia, não poderia extrair todo o potencial de sua proposta. Eu me preocupava em como poderíamos prosseguir com a próxima parte, mas foi por volta deste momento que nos informaram que o anime havia sido cancelado. Fiquei aliviado que a série teria, pelo menos, uma vida breve. Infelizmente, foi exatamente o oposto. Essa ideia escapou por pouco da morte, e por não ter sido devidamente elaborada, acabou permanecendo um tópico constante de discussão.

– Tornou-se uma lenda.

Tomino: Explodiu. Entretanto, ao insistir em usar filosofia, a evolução humana mergulha nas teorias desta área e, honestamente, isso é um pensamento muito leviano nesse campo, e coloca muitas restrições nele. Isso é algo que eu queria dizer nos últimos trinta anos, mas nunca tive um espaço como este para fazê-lo.

Francamente, achei que poderia fugir disso. Achei que, não levantando a questão nem um pouco, eu poderia escapar. No momento que pensei que estava tudo acabado, o estúdio veio até mim perguntando se eu trabalharia no próximo. Eu lhes perguntei, “próximo o quê?”, e quando responderam, “Gundam”, fiquei deprimido.

– (risos) Então, quando o Mobile Suit Gundam foi cancelado…

Tomino: Eu já estava sem ideias. Todo e qualquer talento que eu tinha como escritor já tinha me deixado. Alguns dos meus animes seguintes, não foram muito bons, certo? Se eu tivesse que definir o que exatamente os tornaram ruins, eu teria que dizer que todos foram um pouco realistas demais. Você podia essencialmente ver as imagens que estávamos usando como base, e isso não é uma coisa boa com anime.

Eu realmente não deveria mencionar Hayao Miyazaki aqui, mas de vez em quando eu dava uma olhada no tipo de trabalho que ele estava fazendo. Não importa o que aconteça, quando você pensa em anime, você pensa em Miyazaki (risos). Mas veja só, olha aqui, eu não sou estúpido! Eu sabia que não poderia seguir o mesmo caminho que ele, e não poderia trabalhar em animes infantis como Doraemon ou Obake no Q-taro. Fiquei me perguntando o que fazer, e fiquei desesperado. Foi quando eles vieram até mim com Zeta Gundam, ou melhor, Gundam “parte dois” naquele momento, e eu percebi que já tinha o rótulo de “Tomino do robô gigante”. Com essa percepção, tive que pensar cuidadosamente na ideia de que essa era a carreira que eu teria pelo resto da minha vida. Não é nada para se orgulhar.

Não é Gundam! O verdadeiro significado por trás de Reconguista em G

Tomino: Dando um passo para longe dos Gundams mainstream, a razão pela qual decidi trabalhar em Reconguista em G foi que, para mim, sem dúvida, não é uma série Gundam. Na minha cabeça, Gundam já chegou ao fim. Todos os Gundams depois de ∀ Gundam estão pegando emprestado este nome. A estrutura normal de uma série Gundam, o coração de suas histórias, são compreensíveis com apenas uma breve introdução. É óbvio por que as pessoas que estão bem familiarizadas com Gundam ficaram perdidas, e se perguntaram como G-Reco se tornou uma história tão confusa. É porque não é Gundam. Isto passou despercebido a elas. Anime em geral, da forma como funciona, permite que, mesmo que algo pareça semelhante a Gundam, nós podemos adicionar histórias como G-Reco no meio, e, no final das contas, vai dar certo.

Digamos que 100 crianças assistiram. Tenho certeza que, pelo menos, duas ou três delas veriam onde estávamos mirando. Algumas pessoas que assistiram ao Mobile Suit Gundam original se tornaram membros da JAXA (Japan Aerospace eXploration Agency). Estes são homens e mulheres que lançam foguetes para o espaço, e pelos últimos vinte anos, eles têm tomado Gundam pela sua aparência! Vou ser honesto: odeio isso. Acho que é algo específico dos fãs de Gundam. Eles ficam presos nos aspectos de ciência e tecnologia - como engenharia de foguetes ou astronomia - mas Gundam tem outros componentes. Existe todo o material após os Newtypes.

G-Reco era um anime que eu queria que as pessoas que conseguem ver o processo de criação de uma história assistissem. Hmm… se eu tivesse que colocar em palavras ou uma expressão… Na verdade, acho que é mais um fenômeno. Algo que testemunhei nos últimos dez anos. Eu pensei que o coração desse tipo de fã estava concentrado nesses campos científicos, mas cerca de sete ou oito anos atrás, descobri que um deles era membro do parlamento japonês. Ouvindo-o falar sobre quantos membros do ministério e agências governamentais são fãs de Gundam, me fez perceber que minhas histórias conseguiram ressoar no campo humanitário.

Se fosse esse o caso, eu queria tentar fazer algo como G-Reco. Sem dúvida, de 100 pessoas, haveria apenas duas ou três que não pensariam: “Huh, isso é estranho. O que está acontecendo?” É inevitável que mais pessoas pensem assim.

Nada além de elogios: Gundam de Okawara

Tomino: Nunca vou esquecer aqueles primeiros designs. Nada foi capaz de ultrapassá-los até hoje. Okawara acertou em cheio com esses designs, e não importa o que mais seja lançado, não acho que algo poderá superá-lo. É por isso que o Gundam de Okawara foi o escolhido para a primeira estátua em tamanho natural. Não importa quantas vezes seja substituído, ele deu início à tradição das estátuas Gundam naquele local. É o protótipo, um humanoide, que tinha dezoito metros de altura. É o único protótipo do seu tipo. Sim, agora existe uma estátua diferente de onde a original estava, mas ela não tem como superar sua antecessora. É apenas uma caricatura da primeira.

Em dez anos, independentemente da preferência por seus designs, o Gundam de Okawara será bem recebido. Houve um tempo em que as pessoas desprezavam seus projetos. Eles o ridicularizavam dizendo que fazia um monte de blocos empilhados. Apesar de tudo isso, seus designs fascinantes conseguiram ser construídos em escala 1/1, e eu queria mostrar ao mundo que é possível superar as críticas. É uma forma de dizer àqueles que duvidaram de seu projeto, que eles têm mau gosto.

As pessoas reclamaram da modelagem e da mobilidade dos modelos. Problemas que deixavam óbvio que eles estavam apenas presos no tempo, preocupados com tendências. No momento, não existem muitos por aí dizendo que o excesso de acessórios é o mais aceito. É uma tendência, só isso. Em breve, retornaremos aos designs simplistas. É por isso que é altamente improvável que qualquer coisa supere o Gundam de Okawara.

-Isto é algo de que você já estava convencido ao ver o Gundam em tamanho real?

Tomino: Isso mesmo. É por isso que não acho que seja uma questão de gostar ou não gostar do design. O Gundam mantém sua posição.

Uma mensagem para os leitores: Tomino Yoshiyuki de agora em diante

– Recolhemos 1,5 milhão de votos cheios de amor e respeito pela série Gundam. E nem é preciso dizer que muitos mais manifestaram seu apoio.

Tomino: Claro.

– Como pai e diretor da série, que mensagem você tem para todos os fãs por aí?

Tomino: Se não fosse por chances como essa, eu continuaria minha vida diária sem saber quanto apoio e incentivo a série recebe. Estou muito agradecido por ver todo esse apoio. Só tenho um certo tempo até que não mais consiga trabalhar, e, embora não possa fazer muito, quero tentar. Desta forma, posso dizer às pessoas para se esforçarem um pouco mais pelo bem deste velho.

Em outras palavras, não quero que digam que vão trabalhar mais. Quero que eles vejam aqueles que estão dando tudo de si, e que sintam que precisam fazer um pouco mais para se aprimorarem. Talvez isso acabasse com as promessas vazias de trabalhar mais – eu ficaria mais do que grato se acontecesse. Não tenho certeza do que funcionaria, mas nesta indústria, é difícil passar uma mensagem sem realmente ir lá e fazer algo. Seria bom se eu pudesse negar promessas vazias de qualquer forma. Não consigo dizer se é algo que pode se sustentar, mas ficaria extremamente feliz se o apoio continuasse.

E ai pessoal, o que acharam dessa entrevista? Não se esqueçam de passar no site do nosso grande criesinnewtype para acessar mais informações ok? Ate a próxima!

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