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Entrevista com Yoshiyuki Tomino para a Mobile Suit Z Gundam Encyclopedia: Parte 1
segunda-feira, 29 de junho de 2020 às 9:22

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Sobre o Autor: EXIA

Fã desde 2011 Conheçeu Gundam atraves de revistas especializadas em animes, sendo o primeiro Gundam que assistiria seria Gundam SEED.



E ai pessoal, tudo bem? Aqui e o Exia e hoje vamos trazer mais uma entrevista relacionada a nossa tão querida franquia de Gundam, a série da vez e Zeta Gundam, vamos conferir?

Antes de mas nada quero reforçar aqui que essa e uma versão traduzida e adaptada para o português da versão em inglês que foi produzida pelo site Zeonic, então nossos agradecimentos a ele por ter trazido essa entrevista tão interessante.

E para finalizar, esta e uma entrevista antiga que foi lançada logo após o fim da série de Zeta Gundam na revista Mobile Suit Z Gundam Encyclopedia da Animec.

Como Z Gundam foi uma história sobre o reconhecimento da realidade, e como ele teria sido o ponto de ruptura de Kamille.

Mobile Suit Gundam é considerado um evento distinto dentre as histórias na animação para TV. Para Mobile Suit Z Gundam, a maior preocupação com animação em 1985 foi que o diretor que criou a obra, Yoshiyuki Tomino, retrataria esse mundo novamente sete anos depois. Ainda assim, ao falar sobre estes trabalhos, não é possível fazê-lo sem o próprio diretor Tomino. Embora seja algo que também façamos ao falar de todas as suas obras, é um caso em particular para a série Gundam. Então, nesta entrevista, as perguntas foram feitas com a ideia de “um mundo depois de sete anos” em mente.

  • EMMA E RECCOA

Primeiro, há uma discussão acalorada entre Emma e Reccoa no episódio 49, mas o que levou as duas mulheres, e especialmente a Reccoa, a serem tão afixadas em suas identidades como '‘mulheres’'?

TOMINO: Quando se trata disso, as duas estão falando sobre uma identidade que representa a imagem idílica que os homens têm das mulheres. Para resumir o motivo, a Reccoa é um bom exemplo, ela nunca tenta se defender, mesmo depois de ter sido tratada daquela forma em Jaburo, e mantém um estado de negação, inventando desculpas como “estou procurando o homem que me complete”, e ela acaba, no fim das contas, procurando uma maneira de se tornar dependente de um homem. Como homem, é extremamente gratificante ver isso. Emma é extremamente parecida com a Reccoa, e acredito que as duas personagens são fundamentalmente as mesmas nesse sentido.

Ao mesmo tempo, tais personagens geralmente são mantidas vivas até o final de uma história. No entanto, no meu caso, acabei as matando.

Em relação a Katz, sinto que é um personagem que cresceu de uma maneira que não poderíamos ter imaginado na série anterior de Gundam. Mas ele não poderia ter sido um personagem mais inocente?

TOMINO: Não, definitivamente não. Sete anos é tempo de sobra para que ele migrasse de seus dias de infância. No caso de Katz, ele provavelmente não possuía autocontrole. Crescendo com Hayato e Fraw como seus pais adotivos, ele sentiu que Hayato era muito direto, e Fraw muito gentil. Mesmo depois de crescer em um ambiente desses, você não ficaria tão nervoso quanto ele se tivesse um certo nível de autocontrole. No entanto, acredito que isso também é algo comum entre as crianças de hoje.

Nesse caso, da perspectiva de Char, uma personagem como Haman seria vista da mesma forma que Katz?

TOMINO: Veja bem, Haman tinha um senso de admiração por um ideal de figura masculina forte. No entanto, ela não foi capaz de compreender exatamente que tipo de pessoa se encaixa nesse arquétipo. É provavelmente por isso que ela acabou sendo a mulher que foi. Sua abordagem de aparecer depois que o conflito começa e, em seguida, tentar tirar proveito de ambos os lados, faz dela uma vilã medíocre. Ela não foi capaz de compreender, ou melhor, nunca soube o que era uma figura masculina forte.

Então, quando você simplifica, isso é realmente tudo o que move esta personagem?

TOMINO: Exatamente.

  • SOBRE O COLAPSO DE KAMILLE

Sobre Kamille Bidan, como ele acabou daquele jeito?

TOMINO: Pessoalmente, Zeta Gundam foi um trabalho onde minha intenção foi criar uma história sobre a percepção da realidade. Nessa linha de pensamento, Kamille teve que terminar daquela forma. Isso era algo em que eu estava pensando desde o momento em que comecei a trabalhar na série.

No entanto, isso não significa que eu não goste de Kamille. Se eu não gostasse do personagem, não haveria tanto tempo de tela para ele, e, no caso do anime, é possível mudar de maneira irreverente a personalidade de um personagem (risos). Ao mesmo tempo, no final da 2ª temporada, eu senti que Kamille tinha que terminar assim. Embora seja difícil dizer se foi uma coisa boa ou ruim, senti que isso transmitia com precisão o tipo de pessoa que ele era.

Agora, para explicar por que ele precisou colapsar, de uma maneira que a história demonstrasse o reconhecimento da realidade, Kamille tentava avidamente exceder suas limitações para obter poder, e não era possível deixá-lo obter o que estava além de sua capacidade sem que houvesse algum tipo de consequência.

Além disso, como também foi uma história sobre reconhecimento da realidade para Char, eu tive que retratá-lo no estado conturbado que vocês viram durante a série. Isso também reflete minhas próprias lutas pessoais. É claro que, embora essa luta seja um dos temas, eu gosto de pensar que não deixei que isso se tornasse excessivo demais na condução da história.

  • AMURO É UM PERSONAGEM QUE TEM QUE MORRER

A seguir, uma pergunta sobre o estado de espírito de Amuro: por que ele não tentou sair para o espaço até o episódio final?

TOMINO: Isso foi porque eu não tinha a intenção de mandá-lo ao espaço em primeiro lugar. Na verdade, eu não queria colocá-lo demais na série. Eu queria apenas matá-lo o mais rápido possível, mas continuei falhando em conseguir.

Como diretor, você sentiu que Amuro deveria ter morrido?

TOMINO: Sim, deveria, e é algo que ainda sinto do mesmo jeito ainda agora. Eu de fato gostaria que Amuro tivesse uma morte lamentável, mas não conseguia ver alguém como ele morrendo desta forma. Acontece o mesmo com Char, esses dois realmente me dão muitos problemas pra trabalhar.

Apesar disso, você acredita que as coisas se acertaram quando Amuro conseguiu tempo de tela.

TOMINO: Isso provavelmente foi por causa da impressão deixada pela série anterior. No mínimo, entre o ano passado e este ano, reconhecidamente estive em uma posição em que envelheci junto com minhas criações, por isso fiquei definitivamente relutante em fazê-lo.

Várias coisas podem fazer com que pequenas falhas realmente apareçam. Eu quero fazer uma distinção clara entre fazer anime, se eu estou fazendo um anime, e fazer um filme, se é um filme. Dentro deste contexto, acho que Zeta é bom como uma série independente. Como tal, prefiro não incluí-lo muito nela.

No entanto, espero que, se eu puder terminar as coisas com Amuro em ZZ, gostaria de fazê-lo. Ao mesmo tempo, não tenho certeza se ele aparecerá em ZZ, então não posso falar muito sobre isso.

Agora que você mencionou, não houve cenas em que os personagens da série anterior se reuniram para conversar: existiu alguma razão específica para isso?

TOMINO: A única razão foi o orçamento. Se não houvesse um limite de orçamento, eu os teria reunidos o quanto eu quisesse. Em termos gerais, é um grande esforço construir um enredo. Infelizmente, era inevitável que acabasse sendo assim.

Então você ficou um pouco triste vendo como as coisas acabaram?

TOMINO: Não, esse não é bem o caso. Se você pegar Zeta como exemplo, se não houvesse certas limitações, e eu pudesse ter feito o que quisesse, isso poderia resultar em algo consideravelmente pior. Então foi bom como foi. O único problema, é provavelmente o sentimento de que ainda existam alguns arrependimentos. Se o trabalho como um todo tivesse passado a sensação completa de que você já viu tudo até o seu fim, acho que esses tipos de arrependimentos que persistem poderiam ter sido evitados.

Galera, essa e a primeira parte da entrevista ok? No próximo mês traremos a parte final desta entrevista que aborda temas bastante interessantes, ate a próxima!

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